sexta-feira, 3 de junho de 2016

Antes que a Copa Paulista comece.

Antes que o Juventus comece a jogar a Copa Paulista, aproveito aqui o espaço e a ociosidade do blog para criticar o futebol moderno. Apontarei algumas podridões. Se vocês lembrarem de outras, por favor, comentem. Vamos lá: arena (leia assistir aos jogos sentado, sem bandeirões, fogos de artifício - daqueles inofencivos, claro - lanches caríssimos, ingressos idem); moleque com camisa de time europeu; globo esporte falando de um só time; jogador dando uma de estrela e não jogando porra nenhuma; supervalorização dos técnicos; correria em campo e pouco futebol; quase nada de drible; extinção da posição "meia";  quase extinção da posição "atacante"; cobrança para que o jogador seja um atleta e desvie seu foco que deveria ser apenas um jogador de futebol; extinção do treinamento de movimentos que são os fundamentos do futebol (cabeçada, domínio de bola, toque de chapa, três dedos, matada no peito, carregamento de bola etc - hoje os jogadores não sabem tocar pro outro a três metros de distância, não sabem cobrar pênalti, matar bola que vem do alto - é uma lástima); terceira camisa; torcida não poder xingar a equipe rival no campo; jogos sendo marcados em estádios maiores para ganhar mais renda enquanto os torcedores sempre compareceram nos jogos do dia-a-dia na casa do time; a extinção do passeio de domingo até o campo de futebol do bairro para assistir aos jogadores mais habilidosos do bairro, era um evento, curtia-se o bairro, os amigos, sem precisar gastar (hj em dia precisa-se trabalhar mais e mais pra pagar coisas que antes eram de graça, ou então, muito mais baratas); passar jogo da Europa na TV; ouvir a conversa de funcionários do açougue dizendo que um torce pro burusia dorfi sei lá o quê e o outro pro baier de munique não sei das quantas.... Enquanto na sua cidade, no seu bairro, times fazem das tripas coração para sobreviver, apresentam um futebol repleto de garra, lances maravilhosos e histórias lindas, causos curiosos e, sobretudo, amor não ao dinheiro, mas, simplesmente, amor ao futebol.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Tem gente que escreve saudade com L.

Professor Pasquale foi ao lançamento do documentário Voltaremos mês passado e desde então eu fiquei pensando na palavra saudade. Não só na palavra, mas, principalmente, no sentimento. Pensando em nossos passos ansiosos na calaçada da Rua Javari; no cheiro do gramado que só o nosso alambrado tem; e até na magnífica solidão do estádio depois dos jogos. São sentimentos que nos deixam meio suspensos no ar. Sem muito raciocínio. Por isso, não recrimino quem escreve saudades com L. A pessoa pode estar envolvida pela sentimento, sei lá. E o importante é conseguir se comunicar, certo, Professor Pasquale? Dizer o quanto você sente falta de quem você ama. Viu, falta, é com L. Ainda faltam dois meses pro Juve voltar à campo com seu time principal: uma segunda eternidade, já que passamos pela primeira e agora estamos no interstício. Só quem é juventino - e só juventino - sabe o que é passar quatro meses longe do seu time. Longe, mais uma palavra com L. Mas sentir a ausência do Juventus é também uma presença. Quantas vezes você já vestiu a camisa grená nesses dois meses? Eu, dezenas. Algumas notícias aqui, outros vídeos ali, sai a tabela do ano que vem e aos poucos vamos saindo também da caverna. Quem vê de fora acha que é loucura. E é. Loucura, outra palavra com L. Mas eu estou mesmo é com saldades do nosso  querido J.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Armadilha de passarinho.


Você pensa que as mãos deles, tão juventinas quanto as nossas, também não suam em um pênalti? Seus cliques também não ganham mais pressão - assim como nossos punhos cerrados - quando uma expulsão é injusta? Sim, eles são torcedores também. Mas somente eles conseguem duplicar um milésimo de segundo em sofrer e capturar o sofrimento. É assim, em dobro, ou por outra... em dupla, que eles conseguem mostrar que o futebol não existe no campo se não existir na arquibancada. Que o alambrado foi colocado ali somente para apoiarmos nossos braços, porque na verdade estamos todos em campo. Esses dois vão para a Rua Javari como dois moleques que saem para prender passarinhos. Com suas caixas armadilhas. Depois chegam em casa com seus pequenos troféus vivos. São nossas emoções. E por estarem vivas, logo as soltam por aí em seus blogs, flickers e páginas do facebook. Livres, elas voam alto, mas com uma finíssima linha presa em suas perninhas. Para nunca fugirem da nossa memória.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Nossos dias de cigarra.

Esopo criou uma fábula mentirosa. Formigas também têm seus dias de cigarra. Tenho como provar: milhares delas, desde ontem, não fazem outra coisa senão cantar e curtir a boa vida. É que o Juventus subiu. E por mérito de todos. Direção do clube, comissão técnica, jogadores e torcida. Todos incansáveis formigas trabalhadeiras. Parabéns à direção do clube, que nos trouxe uma excelente equipe técnica. Parabéns à comissão técnica, que - além de manter o melhor da nossa base - contratou e soube trabalhar grandes talentos. Parabéns aos jogadores, que em todos os jogos, desde o comecinho do campeonato, tiraram não sei de onde tanta força e dedicação. Por fim, parabéns a nós, torcida. Por nossa presença constante nas arquibancadas, dentro e fora de casa, e por nosso apoio e amor incondicional ao Juventus. Em poucos dias voltaremos a ser formigas. Mas para conquistar o próximo acesso e ocupar nosso lugar definitivo na elite do futebol paulista. É lá que continuaremos a ter, muitas e muitas vezes, nossos dias de cigarra.

Foto: Ale Vianna

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Voltamos de Limeira a reboque.


Peço licença ao leitor para começar com um acontecimento pessoal: meu carro quebrou entre Limeira e São Paulo. Tive que voltar a reboque para casa. O que isso tem a ver com o time? Explico. O empate de ontem nos quebrou. Já estávamos voltando para São Paulo com o acesso no banco de trás, o vidro aberto e sacudindo a bandeira do Juventus para Deus e o mundo - embora apenas Deus e uma pequena parte do mundo soubessem do jogo e da nossa alegria - quando veio aquele gol infeliz no finalzinho da partida. Quebrou nossa esperança de voltar com as merecidas honras e glórias à Mooca, depois de liderar o campeonato, praticamente, de cabo a rabo. Aquele gol do Inter de Limeira fez com a gente o que a falta de óleo fez com o câmbio do meu carro: voltamos arrastados para casa. Emocionalmente. Não era assim que planejávamos a viagem de volta! Mas agora amanheceu e temos a matemática a nosso favor: 1 a 0 na Javari e 0 a 0 em Votuporanga no próximo domingo e pronto. Subimos e disputamos a final na Rua Javari. Nem Leonhard Euler, quando criou a Teoria dos Grafos, utilizada ainda hoje para montar as tabelas do Campeonato Brasileiro*, poderia calcular essa nossa fórmula com tamanha perfeição. Além da matemática, temos também a nosso favor a esperança. Sairemos deste campeonato como o melhor time e veremos o Votuporanguense, sabe como?, pelo retrovisor.


* mais informações sobre a relação entre a Teoria dos Grafos e o Campeonato Brasileiro em: http://www.cin.ufpe.br/~rbf2/New%20folder/Sergio.pdf

terça-feira, 12 de maio de 2015

A falsidade é uma virtude no futebol.

Se não fosse a falsidade, não existiria o "faz que vai mas não vai" do drible, o olhar para um lado e chutar para o outro, o estiramento na coxa nos minutos finais de uma partida em que se está ganhando. Se não fosse a falsidade, não existiria a falta na grande área que nos deu o primeiro pênalti no domingo. Arredondo para quem não viu o lance: Diego Borges sentiu que o zagueiro estava com o braço em seu pescoço e se jogou pra trás. Seríamos todos grandes pascácios se entendêssemos que estou falando que ganhamos por causa de um pênalti. O placar da partida taí para eliminar qualquer dúvida dos lorpas de plantão. Ganhamos porque somos melhores e havíamos decidido ganhar muito antes de começar a partida, quando deixamos escapar o empate em Votuporanga perdendo aquele pênalti. Mas estava falando sobre a falsidade. Ela não só existe no futebol como é praticada livremente. Só no jogo de ontem, foram várias. Vejamos. O goleiro adversário, no segundo pênalti, aponta para centro do gol, prometendo pegar a bola ali, mas pula para o canto direito. Falsidade. Gil acabara de se recuperar de uma lesão, mas deixa 4 adversários pra trás num único lance. Falsidade. O árbitro, que expulsara um zagueiro deles, expulsa um dos nossos por demora na saída para a substituição, quando na verdade o óbvio ululante é que ele queria compensar o número de cartões vermelhos. Falsidade. Estão vendo? Se ficarmos aqui caçando as falsidades em campo, elas aparecerão aos borbotões. Até as verdades, que também costumam dar as caras no futebol, soaram neste domingo como grandes mentiras para os votuporanguenses. Nossos passes, defesas e dribles perfeitos - nosso entrosamento e talento - em nada pareciam com o que eles esperavam.


Foto: Alê Vianna

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Não façamos do Votuporanguense um time com 11 gigantes.

Don Quixote de La Mancha, quando encontrou uma paisagem repleta de moinhos de vento, disse a Sancho Pança que iria combater aqueles gigantes. Avisado por seu amigo de que não se tratavam de gigantes e sim de meros moinhos de vento, Don Quixote simplesmente ignorou o aviso e lançou-se contra seus inimigos gigantes. Don Quixote estava apaixonado por Dulcinéia de Toboso e determinado a dedicar-lhe uma grande aventura. O mesmo podemos dizer sobre o Juventus no jogo de ontem. Apaixonados pela ideia do acesso à Série A2 do Paulista, transformamos o Votuporanguense em um time de gigantes. Mas são apenas moinhos de vento. Já os derrotamos uma vez e o faremos de novo. E assim como Don Quixote tinha Sancho Pança para trazê-lo à realidade, temos o torcedor juventino.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Uma goleada moral e cívica.

Impossível falar da goleada de ontem sem falar sobre 2014. Explico, por enquanto, com a imprudência da obviedade: ano passado fomos quase rebaixados no Campeonato Paulista e tivemos um resultado mediano na Copa da Federação. Um ano perdido. Pois bem, volto agora sob a luz da razão: é o contrário!! 2014 foi um excelente ano. O quase rebaixamento no Campeonato Paulista foi a melhor coisa que nos aconteceu. Detalharei em metáforas e minúcias: foi um tapa na cara em praça pública. Destes que têm seu legítimo direito de revide negado pelo que restou da nossa hombridade: não há a quem culpar senão a nós mesmos. Só houve uma coisa a ser feita: mudar de estratégia. Ou por outra, ter uma estratégia. Enxergaram a virtude da bofetada? Até então, levava-se a vida na flauta. Explico. O escrete juventino e a comissão técnica vinham sofrendo inúmeras mudanças em pouquíssimos meses. Era um entra e sai tão frequente de jogadores e técnicos que a torcida já não sabia o nome de ninguém. Torcia-se assim: "Vai dez, chuta pro gol!", "Quebra ele, dois, quebra ele!!". Um time sem nomes e, portanto, sem identidade. Jogava-se pensando apenas nessa ou naquela partida. Era preciso ter um planejamento a longo prazo e, de mais a mais, construir num nova moral com as pessoas que testemunharam o tabefe. Assim foi feito na pré-temporada da Copa da Federação. Mudanças na comissão técnica e no elenco, já pensando a longo prazo. Houve ali uma nova Constituição Civil para nós, cidadãos juventinos, e com um Governo empossado por estes que aí estão, ganhando de goleada. Agora é só pagarmos os impostos. Ou por outra, os ingressos.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Que extirpe de travesso ele será?

Três meses e quinze dias de um inverno plutônico. Mas domingo acaba esse nosso frio. O escrete juventino volta a fincar as garras de suas chuteiras imortais no campo mágico da Rua Javari. Mágico porque assim é o campo que de um dia para o outro, ou por outra: de sábado pra domingo, derrete instantaneamente todas as mil camadas de gelo acumuladas durante essa estação crudelíssima. Dizia eu que domingo acabaria a nossa agonia. E que garras seriam fincadas no campo. É tudo verdade. Com um adicional relevante e empolgante, o escrete juventino que entra agora é de juniores. Depois de tantas derrotas do time principal e um quase rebaixamento com prejuízos morais incalculáveis para o torcedor juventino, a Copa São Paulo de Juniores veio a calhar. Precisamos conhecer nossa base como um pai que pega no colo seu moleque recém-nascido. E não somente. Precisamos reconhecer a paternidade, acompanhar seu crescimento e jogar bola junto com ele. Que extirpe de travesso ele será? Matará passarinhos com seu estilingue? Quebrará vidraças com sua bola de capotão? Fará pirraça com os chamados "grandes" dos campos verde-almofada das outras Zonas que não a Leste? Vai saber. Vamos saber. Domingo.